sábado, 29 de janeiro de 2011

Chuva de Janeiro




Acordo, em todos dias com o mesmo pensamento
Pensamento escolhido, o mais perigoso deles.
Trabalhando, observando, esperando
quase não mais aguentando.

Sem tempo pra dormir, com pouco pra sorrir
Sinto meu calor, meu sangue, quente quanto o sol
Planejando queimar os antigos costumes
Faço de cada dia uma batalha, um novo dia, que o sol sempre queimará.

Ando sozinho pelas galáxias da vida
Sem Deuses, sem drogas, sem pessoas, sem fantasias.
Carregando o peso do mundo nas costas
Pesado a ponto de misturar-se a minha existência.

Segurando, calando a voz
Deixando escapar pequenas faíscas da grande chama
aquecendo-se desse pouco,
manipulando, brincando com as palavras.

Fazendo de cada palavra um destino, um caminho
Esquecendo o antigo menino, o antigo homem
Aquele que nunca existiu, homem de imagem
destruidor de si próprio.

Viajante livre que escolhi ser
ansioso como uma serpente que espera a presa
Mostrando a maçã para os que não enxergam
Ao mesmo tempo que lhes mostro a maçã da sabedoria, destruo-a juntamente com seus costumes.

Lacrimejando os choros passados
Escrevendo o que já foi escrito
Mas com minha mão, com minha vontade
Fazendo dos meus pensamentos minha própria cidade.

Vazio quanto o ar que falta nos pulmões
E livre quanto o humano
Libertando de mim mesmo,
pra enfim sair dessa lama que me leva ao bocejo.

Caem chuvas, passam chuvas
E sempre do mesmo jeito, todos calados
O Sol vem e tudo volta ao normal
Será que só eu tenho olhos para além da poça d'água?

Pobres homens afogados em sua própria saliva...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Necessárias flores?





Quentes e rápidas como fogo
muitas são assim
mostram sua beleza, cada uma com a sua.
e me devoram por não dizer sim.

Tem as leves como brumas, soltas, livres...
As indomáveis. Essas têm um perfume único, as vezes destruidor. As que falam pouco, mas com poucas palavras dizem tudo. Tem as que são libertas, voadoras, quem sonham em voar.

Algumas que esquecem quem são, e seguem um caminho que é o inverso delas,
se recusando ser o que é. Cultuando o belo passageiro, e espalhando seu saber no mundo inteiro...

Muitos criam opiniões pelo perfume que anda cada vez com menos aroma. Mas ainda há, por aí, pelos jardins, flores com um aroma esbravejante. E cada uma com um tom único, com espinhos únicos, expelindo seus poros por todo canto.

Exigem tudo de mim, ou apenas o apreciável.
Cada uma com seus sonhos, com seu corpo variável
mostram o que eu quero, ou que elas querem
algumas fáceis, outras não, algumas até me deixam sem expressão.

Fracas ou fortes, tiram minha energia, energia bem gasta. Algumas demoram desabrochar, já outras se sentem confortável. Umas me dilaceram, outras me fazem fantasiar, umas fazem eu até amar. A elas, a mim, só o que não pode faltar são flores em meu jardim...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Dia quente e uma estação.




Sentado na estação, toca ópera, minha ansiedade frequente me leva ao tédio
Logo após vem o trem, ele sorrir pra mim
Abre sua porta moderna, agradece a pouca grana que gastei com ele e segue para o caminho do inexato.

Centralizo meu olhar lá pra fora, nas paisagens naturais mas o trem é veloz e velho. Quando balança desvia meu olhar, que ultimamente anda turvo. Logo me disperso e espero um ar tóxico entrar pela porta.

Na porta a ida e volta de ambulantes me causa náuseas
todos tão confusos, indo pra lugar nenhum
Difícil de acreditar. Que eles só têm essa opção, enlaçados pela corda da ignorância

Cada trilho, cada estação que passa
mais me entusiasmo
meus pensamentos nunca tivera tão aguçados
fecho meu livro que conta o que já sei e vou em frente.

Pareço estar pronto
como um falcão experiente
penetrando com tudo na água
em busca de uma refeição que pense menos que eu.

Desço da estação
desequilibrado
e desnorteado como sempre
tento lembrar onde estou e como fui parar nessa estação.

O guarda pede pra eu sair da faixa amarela
volto a lucidez, trazendo consigo a repulsa.
Não confio em guardas, nem que sejam inertes quanto de estações.

É tarde, o sol me castiga com vontade
E eu não posso fazer o mesmo
Ele goza da minha cara, queima minha pele
E rir dos adoradores dele que se fantasiam de felizes.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Uma palavra, e tantas coisas.


Cão feroz, com latido que ultrapassa a parede. Agonia ao meu lado, com soluços altos, me impedindo, me segurando, tirando-me o sono.


Céu sem estrela, hoje não quero ver brilho algum, só o meu, o que nunca se apaga. Brilho estúpido, enganador. Varrendo minha alma escura que sempre brilha, esse brilho de ardor, de dor.


Que adorador da dor que sou, sempre verdadeira comigo, enfiando essa estaca em meu peito, escorrendo sangue frio, molhado quanto a chuva que cai lá fora. Esperanças não te levam a nada como ousa pensar em algo assim, ainda mais na madrugada?


Barata que rasteja, ficando com os restos. Por que Eu, o mais alto e corajoso dos pássaros me sinto assim? o infinito se quebrou, e seus cacos e vestígios, cortaram, perfuram meus ossos, minha garganta. Inundo o meu ser de meu próprio sangue, frio e livre, quanto o ar que entra na janela.


Desesperado com não sei o que, torpe de mentiras passadas. Como que pode me destruir assim, em etapas. Que cruel que és, me mostra todo extâse, mas só por momentos e como mergulhei nesses momentos.


Estado diferente que não escolho ter, sempre afundando em mim. Tem armas perigosas, que perigo isso é pra mim, arma fatal, sempre mirando um alvo certo, nunca erra. Sempre dilacera-me como pó, que entra nas narinas, dando um poder elevado, momentâneo, ó vida de momentos...


Não há pensamentos, pessoas, nada que supra isso. Está em mim, controlando meu ser, tentando. Meu eu entra em batalha contra ele, mais cedo ou mais tarde alguém perderá a cabeça.


Porque ver beleza onde não se tem? Será um defeito dos poetas? olhar pra luz que destrói seus olhos, lutar pela massa calada, abusar do querer, daquele que não se pode ter. Não se engane poeta o mundo não depende só de você.


Voltando ao estado mental, elevado. Por que tanto temor, dessa palavra, do sentimento que ela lhe traz. Lute rapaz, mas com cautela, pois esperar o mundo trazer o que quer é o mesmo que andar pra trás... Ah! como esse sentimento me desfaz.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Supra Homem


Alma inquieta, se dissipando no ar. Corpo violento, envolvendo-se do calor de onde estou. Mergulho-me em minha mente, enraizada, acelerada. fantasiando-se de seu saber, orgulhando-se de todo querer.


Coração que se recusa a parar, bombeando minhas veias. Impulsionando meu sangue quente com um caminho único que não pode se livrar, sempre indo, avante, maquinando meu cérebro, que por excelência se recusa a aceitar, essa vida, esse mundo, esse todo.


Cabeça aérea, além do infinito do universo. Louco, desajeitado, viciado. Cabeça girando, tentando se achar. Mecanismo torpe, viciado em se conformar. Mente cheia, demasiado pesada, centralizado em tudo que a vida pode me proporcionar.


Olhar turvo, limitado da limitação do meu ser. Se penetrando no universo quimera e maravavilhando-se das cores que o mundo pode lhe proporcionar. Tentando avistar o que meu eu não pode achar.


Meu corpo frágil destinado a aguentar toda essa energia mental que está longe de se dissipar, me acorrentando de vigor, transcendendo meu ser, meu eu inexplicável.


Maravilhado com a beleza do universo. Perpetuo a sua beleza, faço de meu eu um caminho que é impossível de voltar. Estrada longa cujo o caminho me impulsiona a tentar, revelar, não me limitar. Destinando-me a esse mundo, a quebrar as muralhas dos conceitos, a seguir, a continuar, a transcender, a perpetuar a beleza do humano e da maravilhosa terra.


Segurando a chave do destino humano até meu último átomo energético desaparecer. Afundando do profundo de meu ser. Quebrar o que resta de vestígios que homem criou. Transcender o homem para enfim ter o prazer. Superar o homem, quebrar todas suas limitações fantasiosas para enfim gozar de minha existência que nada mais é do que o tudo e o nada. Sucumba de seu ser Supra homem...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Eu e o tal do Viajar...




Superado, elevado, inspirado
encucado, espantado, saturado
de tudo um pouco, menos não pensado...

Fraco, forte, tedioso
com muita sorte
Só esquecendo da vida
pra calcular o número da morte

Desesperado, falseado, mal interpretado
Mulheres que não se acham
ao ar que fica acorrentado

No ouro que eu nunca vi valor
Na vida que me leva ao encontro
do que eu sou
Do que me restou...

intransitável, insaciável, habitável
Palavreado de um um jovem aposentado
Que nunca gozou da vida
mas procura morrer saudável.

Dor que se ausenta
Felicidade que se ostenta
Degustar de boas bebidas
Cérebro variável que me arrebenta

Sorriso do luar
que sempre tento contemplar
mas minha cabeça esquecida
me impede de tentar.

Celebração coletiva
que eu não conseguia comemorar
Deixei um pouco de mim aqui
Pra mais tarde poder viajar...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Noite de luar




Ó grande luar
Que faz meu olhar lhe penetrar
Te vejo na mais alta montanha
Ou no azul e cristalino mar.

As noites são mais belas com você
Seja minguante, cheia,
ou que não se pode imaginar
o que importa é você, noite de luar...

Sempre mutável
como meu grande eu
Somos o máximo, o tudo,
Sua essência é minha alma e meu eu é seu...

Não há tempo pra te calcular
fico bravo por pensar que podem te pisar
Você é a magnifica mulher
Que eu esqueci de amar...

Nada de nuvens pra lhe esconder
pois de sua bela imagem
eu não consigo esquecer.

Solidão me leva ao luar
Que meu eu tento encontrar
junto com o belo anoitecer
que sempre pode variar...

Supra de meu calor
que não dito barreiras em lhe dar
Que mais tarde de seu beijo
eu poderei enfim brilhar...

Ó como lhe venero, noite de luar...

Tentando voar




Acordei querendo mudar
e olhando naquele único espelho
que de alguma forma
me levaria pra algum lugar

Aquela vida de não sonhar
de tanto me limitar
Aquele ar no meu peito
Que ia além do respirar.

Tantas coisas que não são
Seguindo um padrão
Eu, o louco viajante
ando em mais de uma estação.

Os trilhos da vida
Que ninguém mais quer caminhar
O trem que esmaga meu cérebro
não quer mais me atropelar

Me sinto alto como o sol
Que adora me queimar
Subi em uma montanha
E aquele deus antigo resolvi encarar.

Moça que balançou meu eu
que eu já sabia que ia achar
Nas madrugadas que sou cego
ela sempre eu posso encontrar

Tem gente que prefere falar
Eu prefiro pensar
No infinito do meu eu
Que não me canso de apaixonar

Manhã sem sol
mas a natureza estava lá
Me dando uns tapas
Que o infinito fez eu alcançar

Alcançar uma palavra é pouco para mim
Vou sempre para o além
que não há no dicionário
e vou voando nesse lindo trem.

Não há mais dúvidas
nas dúvidas do meu ser
Enquanto todos lembram quem são
Eu tento esquecer...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uma quinta feira.




Na grama verde
pude apreciar
aquela brisa
que só ali devia estar.

Sentando,
olhando para o que não podia ver
E veio um cara me falar que problemas sociais
eu devia esquecer, pois logo eu iria enlouquecer...

Mas do que sou.

Um Tagarela que se dizia da arte
Com um papo religioso
Que não adiantava contestar
Pois quem escolhe ser moço, moço morrerá..

Cansado daquela chateação
fui em busca de alguma emoção
observar transeuntes na busca
de uma exatidão, explicação, salvação...

Quem sabe uma recuperação?

Sem paciência de olhar pro sol que me queimava
Fui queimar algo que me acalmava
E ir diante do que chamam estrada.

Que os caminhos levam para tudo, menos ao nada...

Um bêbado especialista em filosofia me disse
que eu não conhecia nada do assunto
E eu como questionador
fiz de meus sentimentos mais vivo que de moribundos.

Depois de me aborrecer, falar, ouvir
E não mais prosseguir fui pra casa
E gastar minhas energias mentais
com um bom prato de cereais...

Nada como ler jornais? pra entender muito mais...

Dia longo como o mar
Com tesouras afiadas que sempre tentam
Cortar e recortar o que chamo de asas.

Pois quem quiser voar
Deve se preocupar com tudo
menos das asas
que lhe farão voar...

Se elevar...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Reflexo do mar



No reflexo embaçado
com a alma quebrada
fantasia ilimitada
cansado de minhas madrugadas

Sol que não muda de cor
tudo ligado ao tal de ser
Já cansado das manhãs
que não aceitam meu direito de viver

Aguentar tudo
e depois não ter
Ou esquecer de tudo
pra conseguir viver?

Se olhar no espelho
e tudo encontrar
Ou ir pro mundo
e pensar que a resposta me acalmará?

Tempo que deve vir
que pro inexato me levará
de tantos lugares de encontros
eu quero me desencontrar

Drogas de prazer
passam longe de me dar o esquecer
Vou superando meus limites
até meu saber me entender

Cada vez mais louco
de meu eu impenetrável
enquanto um vive
outro morre saudável.

O fogo que me aquece
no desejo de mudar
mas as águas que caem na cidade
logo me impedem de voar.

Essa sede do que não há
que sempre me faz lembrar
que sou um peixe cego
nesse azul e infinito mar...