segunda-feira, 14 de março de 2011

A moça.



Ainda não vi, porém senti
no cume dos sonhos
transbordando brilhos
Sorrindo. Sentindo. E eu, alegre como menino...

Nas brincadeiras na cama
suando na noite fria
só por vê-la
agonizo de dor homogênea.

Cheirava como rosas, do mais concentrado aroma.
Olhando e balançando seus cabelos castanhosnegros
e o toque da boca rosa no delírio noturno
jogando-a contra o travesseiro, no extâse do desespero.

Orgasmos multi cores na excitação do sonho
branco e preto que era o mundo
o mundo não mais importava
o momento nostálgico momentâneo, infindável parecia.

O café monótono do quotidiano
ao lado de tanto brilho
a canção dos animais terrestres
inaudível para nós, pois o bocejo da vida
lá não estava. Como tudo. Só nós existíamos.

E conversas de navalhas falamos por toda tarde
por vezes, parávamos, só para um ver outro
e tocar, pois não parecia real. E sabíamos que
não era. De alguma forma fazíamos partes da mesma cela.

E depois de tanta admiração, o sol real me levanta
e só lembro do tal calor.
E meus pensamentos voam,
Mas as asas não eram tão belas quanto as dela...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Esgoto urbano, negro e borbulhando,
seu fétido aroma...
Com espuma lodosa, embaçando
a natureza. Verde e sem cheiro.

Vacas com medo de mim
andando no canto delas
talvez o que acham que são delas
também faz parte de meu jardim.
Verde com borboletas multi cores.

A bicicleta metálica
com borracha maciça
quiçá a magia do homem
que faz pipas, esgotos
e verdades escritas.

Não se há mais supérfluo
Necessitam do invisível
da arte do querer escolhido.
aplicam até gás de pimenta nos meus olhos vermelhos
Só pra você enxergar o tal do poder.

Esse meu incenso que será
como forma de meditação
me engano, pra não enlouquecer.
Na vida monótona que é viver
Pensamentos derrubam a excitação da vida.

O Avião que balança minha telha velha
A desgraça que vejo em sair do portão
em frente.Esse isqueiro branco sem vida
Eu serei como ele? ou tentarei me enganar
aplicando um sentido no turbilhão de dores
que chama-se vida?

Lá vou-me, pensar em nada. Em um dia que vi
de esgotos a vacas que me temem. Podia eu, pensar
nelas, ou algo qualquer. Mas o que confesso-me
É que meu maior cansaço é pensar. Garoto Ocidental
dependendo das artes orientais, é, já passei por tudo isso.
O que me restou foram pensamentos, elimina-los por momentos.
Farei isso. Destinado a vida de momentos...

terça-feira, 8 de março de 2011

Canção de Carnaval.

Do lápis sem findo
entre a borracha que apaga,

Sobre minha cabeça a gravata
sob meus pés a estrada...


Essa minha mente maluca
que não me deixar dormir,

entre meus dentes minha boca
que o guarda bate e sorrir...


Da liberdade tirada
Com medo de afogar,

Na minha narina quebrada
da água que posso nadar...


O meu saber que uiva
em olhar o luar,

Das guerras iniciadas
até onde eu possa amar...


Da fumaça criada
pelos filhos da terra,

esses mesmos filhos
conceituando a guerra...


De um lado um explica
do outro tem salvação,

Essa minha gente sofrida
escravos da ilusão..


Do deuses ao nada
do tudo a morte,

Se esquecendo da vida
pra jogar nova sorte...


No nosso passado houve reis
hoje sou escravo presente,

No futuro escolhido
não haverá presidente...


Dos meus sonhos líquidos
que se espalham no ar,

Hoje só tenho minha poesia
que escrevo pra não chorar...


Dos que amam dinheiro
aos que não enxergam valor,

Enquanto uns se esquecem
eu sinto minha dor...


minha canção escolhida
logo estará em partida,

ecoando minha voz
por toda velha avenida...


Eu quando ando sem deus
eu que penso sozinho,

Eu não trouxe salvação
trouxe comigo o caminho...

sexta-feira, 4 de março de 2011

Dos sonhos,




ao caixa do banco
retiram suas vidas no botão
da felicidade eletrônica

Quando não se há paz
nós a compramos
com dinheiro feito de árvores
queimamos nossa paz com a mesma árvore.

Dos sonhos que são triturados
nos liquidificadores das esquinas
ao rapaz que não se sente bem
logo, transa com qualquer menina.

Entre o ar puro de ventilador
As flores brilhantes nas janelas de minha dor
da juventude que troca sua vida inútil
por um ipod e seu computador.

Da ilusão que me fere
aos quatro dias que terá findo
a minha cultura que nada difere
das imbecis que nada importa de onde tenha vindo

Do sexo das tardes suadas
aos anoiteceres que sinto-me melhor sozinho
Das flores que pude desabrochar
todas me enfiaram seu venenoso espinho

O Motel que pisca faltando uma letra
como meus sentimentos que sempre faltam algo
não procuro nada.
Apenas algum doce, que se difira do mar salgado.

A matéria que mais desejo
não sei onde mora
só conheço sua maravilha
que penso/espero toda hora.

A mais graciosa que existe
que dos sonhos ainda não saiu
mas espero o momento
de beijar a boca mais doce do Brasil...

Com chuva e sem foto.

Essa chuva, com o som quase inaudível, ouço-a, e os carros nas avenidas cortando nossos ouvidos com seus ruídos. Todo o som a disparar como um raio em minha mente fantasiosa.

Espasmo no meu rosto, olho-o és apenas um, sou o que sou agora, já amanhã não serei o mesmo. Como aguentar essa mudança, esse destino de tantos eu's, não posso me entender, pois o que entendo é o agora, o que tentei entender já não mais existirá.

Essa foto 3x4 com olhar de brincadeira, as fotos nunca são familiar. É como se fosse um personagem, outro ser tomando forma de minha pessoa. Olho no espelho percebo que sou eu. As fotos capturam o momento, a face que me impus naquele único momento, impossível classificar minha solidez facial, meu olhar miúdo que sempre tive em fotos, gravuras, ou o que serve-se pra aniquilar o momento o tempo que não se limita em um segundo.

Já percorri pelos cantos, procurando um canto que me acolhesse, mas são ilusórios, de nenhum desses me transmitiria o sentimento que procuro. As pessoas, mais parecem personagens que humanos. Se solidificam em uma característica, um algo que expõe todo seu ser. Uma limitação de salto alto ou pulseira que te leva ao equilíbrio.

Enquanto fingia tinha berços de ilusões, quando resolvi ser-me o que existiu virou uma cama de espinhos. Idolatram tanto seus personagens, suas vidas cinzas. Não vou mais gastar minhas palavras com quem não quer ouvir, tentei. Mas minha tentativa foi nula, quanto a capacidade mental, a massa cinzenta que nasce no cérebro e é expelido por suas narinas, bocas ou pelo lugar que os personagens desejarem.

Devo encarar a realidade, surrealista que me faz sangrar todo dia. Meu olhar no espelho, minha barba rala que mostra a juventude que tenho. Minha infância que já se foi, meus sonhos juvenis que já se foram. Só sobrou o rapaz de um dia só, que ama o que voa e detesta o que não fala.