terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Gato cinza


Com um miado na madrugada, o gato se revira, pula, e tenta fazer-me comovido. Ignoro. Durmo. Tenho sonhos belos e reais. Acordo torpe com o sol fervendo minha cara amassada espreguiço-me e lá está o gato, olhando-me com seu olhar único, azul e profundo. Que por motivo eu não sei o gato é cinza, por partes branco. O cinza me persegue em todos os cantos, lugares, é a cor do desespero.

Não direi que é um gato único, pois é tão notório quanto qualquer um que percorre nas latas de lixo de minha cidade. Essa cidade que de lixo podemos falar com clareza e objectividade.

O que sinto por esse gato é inefável, por vezes gosto dele, como em outras não o suporto, seu olhar, querendo me culpar, me derreter, como se não bastasse o sol que ferve minha cabeça ruiva. fervendo meus pensamentos que vão além e ao mínimo, a simplicidade desse gato cinza de olhos azuis me comove e me engrandece.

De nada tem parecido com gato, esse gato, parece tão homem. Com miados frágeis e tímidos, é o gato mais tímido que já conhecera. Tem toda a pose de gato, pêlos de gato, porém algo que é além do olhar aniquilador faz ele ser mais que um animal.

Gato, homem, demônio, animal. Tantos conceitos que poderia empregar em ti mas de nenhum bastaria, nenhum transmitiria o que sinto. Vou trancar a casa pois ando com dúvidas sobre seu ser, pode pegar-me a noite, sem defesa com suas garras e tirar meus sonhos com o gozo da morte, amo-te e lhe odeio gato cinza.

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