sexta-feira, 27 de maio de 2011

Henrique.




Os sinos das igrejas tocam
O carro freia,
O homem é nomeado
E você, Henrique, por onde andas?

Poderia ser José,
Ou até mesmo Luiz, como seu pai
Mas no entanto, é Henrique,
Onde está o garoto das tardes brandas,
Das garotas doces e da paixão efêmera, pra onde foi tudo isso?

Tá ficando velho, sentindo o ódio do mundo
Detesta o ódio, não é garoto?
Mas como esse mundo é mordaz, te liquida.
Faz você pensar naquilo que mais detesta, onde está o amor, garoto?

Nos livros feitos para as pessoas cegas, pois ninguém sabe ler.
Ele por acaso estaria nas religiões? acho difícil, pois ninguém sabe sequer o que é deus.
E nas pernas das garotas, nos seios delas, no sexo, será que se esconde logo ali?
Ou estaria nesse baseado, na cocaína, na única que é mulher, onde está você, garoto?

Está em si mesmo, acha que é forte o bastante pra se aguentar?
Pra aguentar o mundo, pra ir nesse caminho, acha que pode mudar?
E o sangue que te tiraram, o amor que te tiraram, a voz que lhe roubaram, o ar que não te deixam respirar?
Não sabes nadar, não teme a morte, e se joga nessa correnteza, na que todos morreram afogados?

Será que vão te ouvir, ou será que vai morrer na sarjeta escura?
Vai chorar novamente, vai voltar a se sentir medíocre, Henrique?
Irá aceitar a comida que eles te dão, o emprego, a namorada, o nome que te dão?
Ou será você? vai querer sempre ser, ou vai sentar pra descansar, esperar outro fazer o que só você pode?

Vai encarar o mundo com a poesia, vai destruir a Máquina?
lutará contra o mundo com um digitar de dedos?
Será gentil para sempre, ou a grosseria tomará conta de si?
E a loucura, ela vai chegar, o que vai fazer, Henrique?

Você vai se perguntar, você vai se duvidar, vai ser sempre essa metamorfose?
Fará tudo o que já fez? irá lutar eternamente contra isso?
Viverá o agora, ou vai se preocupar com o inexistente?
Diga-me, o que será você? Henrique...

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